Um dia pela Ciudad Vieja e Centro de Montevidéu

Viagem realizada em julho de 2018.

Logo que chegamos em Montevidéu, vindos de Colonia del Sacramento, fizemos um passeio de meio dia em um bairro mais afastado do centro. Conhecemos a Iglesia de los Carmelitas, Parque del Prado, Museo Blanes e o Jardim Japonês. Clique aqui para conferir.

No dia seguinte fomos visitar as principais atrações da cidade, localizadas no Centro e Ciudad Vieja. É possível conhecer tudo caminhando e tem bastante coisa para visitar! Muitos museus são gratuitos e alguns abrem somente após às 12h, então não conseguimos conhecer todos.

Começamos nosso passeio no Mirador de la Intendencia, localizado no 22º andar do prédio da prefeitura, no centro de Montevidéu. É gratuito e não é necessário pegar nenhum ticket para subir. No térreo há um setor de atendimento à população e mais ao fundo você já encontra os elevadores (são panorâmicos).

O local é aberto e possui diversas plaquinhas com fotos e informações dos principais edifícios que dali podem ser vistos. No inverno as árvores quase não aparecem, mas percebe-se que a cidade é bem arborizada.

Dentro do prédio funciona um café e uma pequena loja de souvenir. Estava muito frio e ventando bastante, mas aproveitamos bem! Adoramos ver Montevidéu do alto.

Mirador de la Intendencia (site)

  • Horários: segunda a domingo das 10h às 16h com acesso permitido até às 15h45.
  • Preço: gratuito!
  • Endereço: Soriano, 1372

Ali pertinho do mirante, no mesmo quarteirão se encontra o Museo de Historia del Arte (MuHar). Como ele abria somente ao meio dia, deixamos para visitar na volta, mas acabou não dando tempo, infelizmente. O acervo é bem variado, conta com peças originais (80%) e réplicas de diferentes épocas e civilizações, como a múmia egípcia da sacerdotisa Eso Eris, de 2.500 anos (essa é original).

Múmia de Eso Eris que pode ser vista no Museu de História da Arte – MuHar. Imagem de Rodrigo OliveraCC BY 2.0

Museo de Historia del Arte (MuHar) (site)

  • Horários: terça a domingo das 12h às 17h30 | De 13/dez a 12/mar das 13h30 às 19h
  • Fechado: 1º/janeiro, 24/abril, 1º/maio, 25/agosto, 25/dezembro
  • Preço: gratuito!
  • Endereço: Ejido,1326

Caminhando uns 5 minutinhos do museu pode-se visitar mais dois museus, o Museo del Automóvil e o Museo del Azulejo, localizados no mesmo quarteirão. Nós os visitamos na volta, pois também abrem tarde.

O Museu do Automóvel é pequenino, mas para quem gosta de carros pode valer a pena. Marido gostou, os exemplares estão em ótimo estado de conservação e há informações sobre cada um.

Museo del Automóvil (site)

  • Horários: terça a sábado das 14h às 19h
  • Preço: gratuito!
  • Endereço: Colonia, 1251. O museu fica acima de um posto de gasolina, localizado numa esquina.

O Museu do Azulejo exibe mais de 5.000 peças originais que abrangem uma enorme variedade de estilos, técnicas e formatos. Os azulejos eram muito utilizados na arquitetura uruguaia e os mesmos eram importados, já que não havia fábricas no país, por isso pode-se observar peças de diferentes lugares do mundo. O lugar é enorme, fiquei surpresa!

Azulejos pintados à mão (séculos XVIII e XIX).

Museo del Azulejo (site)

  • Horários: terça a domingo das 13h30 às 19h
  • Preço: gratuito!
  • Endereço: Yí, 1444

Descendo a rua Yí, chega-se à famosa e extensa Av. 18 de Julio. Bem na esquina está a Fonte dos Cadeados, repleta de desejos de casais apaixonados movidos pela lenda de que ao colocar ali um cadeado com suas iniciais, voltarão juntos à fonte um dia, sendo seu amor eternizado.

Indo em direção à Ciudad Vieja passamos pela Plaza Cagancha, que marca o quilômetro zero das estradas nacionais. Nesta praça está localizada a Columna de la Paz, ali instalada e assim nomeada em comemoração ao fim da guerra civil entre partidos políticos da época de sua fundação. Foi o primeiro monumento público da cidade.

A figura feminina empunha uma espada em sua mão direita e uma bandeira na esquerda.

Também podemos ver nesta praça o Ateneo de Montevideo, uma instituição que teve “importante papel cultural e educativo como universidade livre com seus cursos de estudos preparatórios e uma faculdade de Direito, livre do sistema oficial do estado, livre das mudanças políticas e dogmatismo religioso que prevalecia na sociedade do fim do século XIX” (fonte). A fachada do prédio é linda e pode-se visitá-lo gratuitamente.

Ainda ao redor da Plaza Cagancha encontra-se uma unidade do Mercado de los Artesanos (a outra localiza-se em frente ao Mercado del Puerto), com muitos estandes, um ótimo local para comprar lembrancinhas e prestigiar o artesanato local. As peças são lindas, adoramos!

Mercado de los Artesanos (site)

  • Horários: segunda à sábado das 10h às 20h
  • Endereço: Plaza Cagancha, 1365
  • Obs.: a unidade em frente ao Mercado del Puerto fica aberta todos os dias das 10h às 17h

Continuamos caminhando na movimentada Av. 18 de Julio e chegamos na Plaza del Entrevero ou Plaza Fabini, a qual abriga uma fonte com o monumento El Entrevero, feito em bronze. A escultura é uma homenagem aos heróis anônimos que lutaram pela pátria. Entrevero significa encontro/mescla desordenada e está relacionada ao choque entre as tropas adversárias.

Nesta praça há um restaurante da rede La Pasiva e no subsolo o Centro de Exposições Subte, com programação variada.

Quase em frente à praça, na esquina da Av. 18 de Julio com a Julio Herrera y Obes, se encontra o Museo del Gaucho y la Moneda. O belíssimo palacete de três andares foi residência de uma família, sendo depois adquirido pelo Banco República a fim de criar um espaço para resgatar a cultura e história uruguaia.

O edifício foi finalizado em 1897 em um misto de estilos arquitetônicos, com predominância francesa e grande influência italiana, a qual pode ser notada pelos belos trabalhos em gesso, carpintaria, pinturas no teto e nas mansardas que coroam a construção com telhados de ardósia. O interior é lindo!

No primeiro piso há um sala com mostras temporárias (quando fomos havia uma exposição de tema infantil devido às férias escolares) e uma sala com máquinas registradoras, objetos e mobiliários utilizados no banco em tempos passados. O segundo piso é dedicado aos gauchos (lêse ‘gáutxos’ em espanhol), aqueles nascidos na região dos pampas uruguaios e que praticam a pecuária. Podemos observar um bom acervo de prataria e objetos dessa cultura, como mates, bombillas (tipo de canudo que também serve como colher e coador), facas, selas, arte popular, entre outros.

Adorei a coleção de mates, cheios de detalhes e formatos inusitados.

Museo del Gaucho y la Moneda (site)

  • Horários: segunda à sexta das 10h às 16h
  • Preço: gratuito!
  • Endereço: Av. 18 de Julio, 998

Continuando na avenida, chegamos na famosa Plaza Independencia, situada no limite da Ciudad Vieja e o Centro de Montevidéu. Ali se encontra o monumento de José Gervasio Artigas, importante militar que atuou pela independência do Uruguai, considerado herói nacional. No subsolo é possível visitar o mausoléu com os restos mortais de Artigas.

Nesta praça também é possível observar a Puerta de la Ciudadela, o antigo portal que dava acesso à cidade. No período colonial, espanhóis construíram uma muralha ao redor da região que hoje corresponde à Ciudad Vieja, a fim de proteger o terreno de invasões portuguesas e inglesas. Ali se concentravam as atividades políticas, sociais e religiosas, centralizando poder econômico e militar.

O Palacio Salvo, um dos cartões postais de Montevidéu, se encontra ao redor da Plaza Independencia. Inaugurado em 1928, já deteve o posto de edifício mais alto da América do Sul, com seus 95 metros e 27 andares. Foi construído pelo arquiteto italiano Mario Palanti com um estilo eclético, muito criticado na época por outros profissionais da área.

Os idealizadores do edifício foram os irmãos Salvo, uma família italiana de comerciantes que prosperaram na capital e, dado ao acolhimento e as oportunidades tidas em Montevidéu, decidiram oferecer o Palácio à cidade como forma de agradecimento. A ideia inicial era que o edifício funcionasse como hotel, mas apenas uma pequena parte operou como tal, os demais espaços tiveram outras finalidades. Atualmente, o prédio abriga salas empresariais, apartamentos residenciais e hospedagem, o Salvo Suítes.

É possível fazer visitas guiadas para conhecer seu interior (cerca de 1h de duração), clique aqui para saber mais.

O Palacio Barolo, construído em Buenos Aires pelo mesmo arquiteto é considerado “edifício gêmeo” do Palacio Salvo devido ao mesmo estilo arquitetônico.

Plaza Independencia. Essa foto foi feita em um domingo. De semana a praça é bem mais movimentada!

Mausoléu de General Artigas localizado no subsolo. Entrada gratuita.
Puerta de la ciudadela construída no período colonial.
O emblemático Palacio Salvo.

Ao redor da praça vimos algumas casas de câmbio e aproveitamos para trocar dinheiro. Não chegamos a pesquisar em muitas casas, mas das que vimos pelo caminho, essa tinha a melhor cotação (julho/18):

Na parte térrea do Palacio Salvo se encontra o Museo del Tango, no mesmo local em que funcionava a confeitaria La Giralda e onde o tango La Cumparsita, conhecido como “El Tango de los Tangos” (ouça aqui), foi tocado pela primeira vez, há cem anos. O museu é pequenino e recria o salão original da antiga confeitaria, decorado com antigas vitrolas, pôsteres que contam a história do famoso tango e outros elementos relacionados ao tema. A visita guiada dura cerca de 30 minutos.

Composto pelo uruguaio Gerardo Matos Rodríguez, La Cumparsita é um dos tangos mais difundidos no mundo, ganhando muitas versões. Está presente até no desenho animado Tom & Jerry! 🙂

Museo del Tango (site)

  • Horários: segunda à sábado das 10h30 às 16h30
  • Preço: $U150
  • Endereço: Plaza Independencia, 846

Da Plaza Independencia é possível avistar o Teatro Solís, a mais antiga casa de espetáculos do Uruguai, inaugurada em 1856. Nós fizemos a visita guiada em outro dia, num domingo, conto mais detalhes em outro post. Mas já adianto que adoramos!

Em frente à Puerta de la Ciudadela começa a Peatonal (rua para pedestres) Sarandí. Nela está localizada uma charmosa livraria, a Más Puro Verso. Ela ocupa o térreo e o primeiro andar do Edifício Pablo Ferrando, tombado pelo Patrimônio Histórico.

Logo na entrada já podemos notar as escadarias de mármore e um belo vitral ao fundo. A livraria também abriga um café/restaurante em seu mezanino, tornando o local uma ótima e aconchegante parada para descanso, especialmente em dias frios.

Continuando pela Sarandí, encontramos a Plaza Constitución, a praça mais antiga da capital uruguaia. Recebeu esse nome devido ao juramento ali realizado da primeira Constituição da recém nascida República Oriental do Uruguai, em 1830.

No centro da praça pode-se observar uma fonte de mármore, inaugurada em 1871. Nesta época, iniciava-se a implantação dos serviços de água potável na cidade, promovendo melhores condições de saúde e higiene à população.

Esta praça também é conhecida como Plaza Matriz por localizar-se em frente à Catedral Metropolitana de Montevideo. Nós entramos para conhecer, é simplesmente linda.

Plaza Constitución com sua fonte no centro e muitas árvores ao redor.

Depois de muuuuita andança, resolvemos procurar um lugar para almoçar. Queríamos algo rápido e ali ao redor da praça vimos a Cerveceria Matriz, nossa escolhida para matar a fome. Escolhemos um sanduíche típico, o Chivito Uruguaio, que estava delicioso!

É composto, geralmente, por um filé de carne macia feito na chapa, queijo, presunto (jamón), bacon (pancetta), alface (lechuga), fatias de tomate e ovo cozido e maionese. Para nossa alegria, o lanche era enorme e estava bem saboroso! Veio acompanhado por uma porção de batatas fritas.

A conta ficou em $U1.012 (2 chopps $U256 + 2 chivitos $U756). Não cobraram cubierto (clique aqui para ler sobre essa taxa dos restaurantes uruguaios e outras curiosidades). 

Após o almoço fomos visitar o Cabildo de Montevideo, localizado ao redor da Plaza Constitución. Cabildos eram órgãos que se encarregavam da administração geral das colônias espanholas, através dos quais os habitantes resolviam os problemas administrativos, econômicos e políticos do município.

Atualmente, o edifício funciona como museu e abriga o arquivo histórico da cidade. A arquitetura é linda e, além dos itens que mostram a evolução de Montevidéu, há exposições com outros temas nas demais salas.

Cabildo de Montevideo (site)

  • Horários: segunda à sexta das 12h às 17h45 | sábados e feriados das 11h às 17h
  • Preço: gratuito!
  • Endereço: Juan Carlos Gómez, 1362

Ali pertinho, na rua Rincón, se encontra o Museo Andes 1972. O museu é dedicado à memória das 29 pessoas que faleceram no trágico acidente aéreo que ocorreu na Cordilheira dos Andes, em 1972, e aos 16 sobreviventes que conseguiram voltar para casa após longos e sofridos 72 dias.

O avião transportava um grupo de 45 uruguaios, dentre eles jovens jogadores de Rugby, seus amigos e parentes. Presos na neve, sem comida, água e roupas apropriadas para suportar temperaturas abaixo dos -30 ºC, é surpreendente que alguém pudesse sair vivo dessa situação. Para que isso fosse possível, tiveram que tomar uma difícil decisão: alimentar-se com a carne dos que haviam falecido.

A incrível história de sobrevivência, retratada pelo filme Vivos, é contada em detalhes no museu que exibe muitos objetos resgatados do terrível cenário, como partes do avião, objetos pessoais e muitas outras informações sobre o acontecimento.

À esquerda, vê-se a “máquina de água”, feita com uma placa de alumínio retirada de um assento do avião. A deixavam ao sol e colocavam neve sobre ela. A produção era gota a gota e dependia das condições climáticas. À direita, alguns fatos referentes à decisão de ingerir carne humana e uma coincidência sobre o local que se encontravam e a oração que faziam.
À esquerda, trecho da carta resgatada que Gustavo Nicolich escreveu para seus pais, irmãos e namorada quando estava na Cordilheira. Ele foi um dos que não retornaram das montanhas. Leia o restante da carta aqui. Na imagem ao lado vemos as luvas e gorros feitos com o tecido dos assentos, utilizados para suportar o frio intenso.

Museo Andes 1972 (site)

  • Horários: segunda à sexta das 10h às 17h | sábados das 10h às 15h
  • Preço: $U200 (aceita reais)
  • Endereço: Rincón, 619

Após o museu, continuamos em frente mais algumas quadras e chegamos no Palacio Taranco, localizado próximo à Plaza Zabala. O luxuoso casarão de estilo francês foi residência da família Ortiz de Taranco e hoje abriga o Museo de Artes Decorativas. Sua construção teve início em 1908.

O imóvel foi cedido ao Estado em 1943 junto com parte do mobiliário, decoração original e coleção de pinturas e esculturas dos antigos proprietários. Durante a visita podemos percorrer os diversos ambientes da casa.

A riqueza dos detalhes decorativos é de fazer cair o queixo, me senti em um cenário de filme de época e era incrível pensar que aquilo tudo realmente fazia parte do dia a dia de uma família. No térreo se encontram as áreas sociais da casa. A imaginação foi além e fiquei pensando nos jantares e festas ali oferecidos. No andar superior temos acesso aos quartos, singelos em comparação à ornamentação do restante dos cômodos, e à biblioteca. No subsolo, havia uma adega, sala de ginástica e depósito. A residência é enorme, dá para se perder lá dentro!

O edifício foi obra de Charles Girault e Léon Chifflot, dois célebres arquitetos franceses. Girault é autor de muitas obras, dentre elas o “Petit Palais”, construído em Paris em 1900. Em uma das salas podemos ver várias representações gráficas do palácio, desenhadas pelos arquitetos que as enviaram diretamente da capital francesa há mais de 100 anos. As técnicas de sombreados e diferentes tons utilizados para provocar sensação de volume, espaço e profundidade são espetaculares, assim como todos os mínimos detalhes que foram desenhados.

Fachada do Palacio Taranco, desenhada pelos arquitetos franceses.

Detalhes da sala de jantar
Parte dos fundos da residência que dá acesso ao jardim

No subsolo funciona a exposição de Arqueología Clásica y Musulmana com uma coleção de peças originais. Infelizmente não conseguimos visitá-la, pois quando chegamos já estava fechando.

Palacio Taranco (site)

  • Horários: segunda à sexta das 12h30 às 17h40
  • Preço: gratuito!
  • Endereço: 25 de Mayo, 376 esq. 1º de Mayo

Próximo ao palácio, encontra-se o Museo de Arte Precolombino e Indígena, mas não chegamos a visitá-lo e o famoso Mercado del Puerto, que conhecemos em outro dia, no almoço de domingo.

Como contei no início do post, no final da tarde nós voltamos para a região do centro para visitar o Museo del Azulejo e o Museo del Automóvil que estavam fechados de manhã cedo.

Em um dia é possível conhecer muitas coisas no Centro e Ciudad Vieja, mas essa região ainda oferece várias outras atrações. Pena que muitas abrem por volta do meio dia, nos fazendo escolher os locais a visitar para dar fluidez ao roteiro.

Abaixo, o trajeto que percorremos caminhando:

Nosso roteiro pelo Centro e Ciudad Vieja. Ao redor e próximo às praças há várias atrações.

Finalizamos o dia em uma pizzaria bem simples, localizada no centro, com uma pizza de queijo e pepperoni e uma garrafa de cerveja Patricia, produzida no Uruguai. Esta é uma das poucas cervejas do mundo feita com água mineral natural, a qual é coletada das Serras de Minas, situada a 120 Km de Montevidéu. Gostamos da cerveja, pois não é amarga.

Antes de voltar para o hotel ainda passamos em um mercadinho para comprar alguns lanches/petiscos para levar ao passeio do dia seguinte: Punta del Este! Sim, farofamos no balneário mais luxuoso da costa sul-americana… rs.

Foi um bate e volta muito gostoso, confira no próximo post! 🙂

Deixe um comentário